TEMA: Sociologia Brasileira – Florestan Fernandes
Nossa aula online e
ao vivo foi, quarta-feira, 07/04/2021 às 10:50h
Aula online ao vivo
EIXO TEMÁTICO:
Sociologia no Brasil
HABILIDADE(S):
Identificar as etapas
da evolução da Sociologia, considerando a influência dos fatores externos,
relacionando-as com as transformações do panorama político, cultural e
econômico do país
CONTEÚDO:
Gerações de 1940 e 1950: a questão racial e a
revolução burguesa no Brasil
METODOLOGIA:
O objetivo dessa aula é discutir a Sociologia Brasileira a partir da
atuação e contribuição de Florestan Fernandes. Para tanto, nos serviremos de
aula expositiva com base em leitura e interpretação de texto.
MATERIAL:
Florestan Fernandes
Florestan Fernandes foi um sociólogo e político brasileiro. Sua biografia
foi marcada por ser um dos primeiros sociólogos de destaque formados pelo
primeiro curso superior de Sociologia do Brasil, fundado em 1933, na Fundação
Escola Superior de Sociologia e Política de São Paulo (FESSP), órgão que
pertence, desde 1934, à Universidade de São Paulo (USP).
Florestan Fernandes lecionou sociologia na USP, foi exilado durante a
ditadura militar brasileira e, após seu retorno ao Brasil e a redemocratização
da política brasileira, foi eleito deputado federal, cumprindo dois mandatos.
Biografia de Florestan Fernandes
Florestan Fernandes nasceu em 1920, na cidade de São Paulo. Filho único
de mãe solteira, Florestan foi criado em cortiços da capital paulista com a
ajuda de sua madrinha, Hermínia Bresser. Ela era patroa de sua mãe, que
trabalhava como empregada doméstica. Foi na casa de Hermínia Bresser que
Florestan conheceu os livros e percebeu a importância do estudo. A sua origem
pobre despertou-o para a importância de analisar-se a disparidade de classes
sociais presente no Brasil.
Ainda cursando o primário (que hoje corresponde à primeira fase do Ensino
Fundamental), Fernandes teve que largar os estudos para trabalhar e
complementar a renda familiar (que era composta apenas pela renda de sua mãe).
Foi engraxate, trabalhou em uma padaria e em um restaurante.
No entanto, o jovem pensador jamais abandonou o gosto pelo estudo e pelos
livros. Seu retorno aos estudos formais deu-se em 1937, quando tinha 17 anos.
Ele fez um curso de educação básica acelerada, parecido com o que chamamos hoje
de supletivo, ficando apto a concorrer a uma vaga no Ensino Superior.
Florestan Fernandes em conferência no Museu de Belas Artes (1964).
Aos 21 anos de idade, Florestan Fernandes ingressou no curso de Ciências
Sociais da Universidade de São Paulo, obtendo título de bacharel em 1943 e de
licenciado em 1944. Seguindo a carreira acadêmica, o sociólogo cursou seu
mestrado em Antropologia, também pela USP. Nesse momento, ele iniciou uma
intensa pesquisa etnográfica que resultou na dissertação A organização social
dos Tupinambá, defendida em 1947.
Antes da conclusão de seu mestrado, o sociólogo tornou-se assistente de
ensino de seu orientador na USP, o professor Fernando Azevedo. Também nessa
época iniciou sua a atuação política, quando filiou-se ao Partido Socialista
Revolucionário (PSR), extinto partido de esquerda brasileiro. No ano de 1951,
Florestan Fernandes concluiu e defendeu sua tese de doutorado, intitulada A
função social da guerra na sociedade Tupinambá.
No ano de 1953, com a saída do sociólogo francês Roger Bastide da USP,
Florestan Fernandes ocupou seu lugar ingressando como professor titular na
instituição. Destacando-se como um brilhante acadêmico, em 1964, Fernandes
defendeu sua tese de livre docência, que mais tarde se tornaria o célebre livro
A inserção do negro na sociedade de classes. Percebe-se aqui uma mudança de
visão sociológica e de objeto de estudo, que mudou do índio tupinambá para a
questão étnico-racial no capitalismo.
Por conta da atuação política em um partido de esquerda por meio da militância
pelos desfavorecidos e da atuação docente, Florestan Fernandes foi preso em
1964, quando estourou o golpe provocado pelos militares.
Em 1969, poucos meses após a promulgação do Ato Institucional número 5 (o
AI-5) — tal medida derrubava os direitos civis e constitucionais e permitia a
prisão sem flagrante ou prévia investigação, inviabilizava o habeas corpus e
permitia a cassação de mandatos políticos, entre outras atrocidades —,
Fernandes foi preso novamente, destituído de seu cargo na USP e mandado para o
exílio, retornando somente em 1972.
No período de exílio, o sociólogo viveu e lecionou nos Estados Unidos e
no Canadá, o que alavancou a sua carreira também fora do Brasil, tanto o é que,
em 1977, ele lecionou como professor convidado na tradicional Universidade de
Yale. Também nesse ano, regressando novamente ao Brasil, Fernandes tornou-se
professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Em 1979, Fernandes ofereceu um curso de férias na Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da USP, seu antigo ambiente de trabalho. O que era
para ser um simples curso sobre a experiência do sociólogo em Cuba, tornou-se
uma visão bastante singular sobre o socialismo que mesclava as interpretações
clássica e moderna do marxismo.
Na década de 1980, o sociólogo filiou-se ao recém-nascido Partido dos
Trabalhadores (PT), sendo eleito deputado federal constituinte em 1986 e
deputado federal em 1990, permanecendo na Câmara dos Deputados até o fim de seu
segundo mandato, em 1994. Desde 1989, o sociólogo escreveu para uma coluna
semanal no jornal Folha de São Paulo, falando sobre política, educação,
sociologia e as questões sociais do Brasil.
Seus mandatos na Câmara dos Deputados ficaram marcados pelo trabalho em
prol da educação pública, gratuita e de qualidade, e pela defesa do direito das
populações marginalizadas e da redução das desigualdades sociais.
A importância de Florestan Fernandes na defesa da educação pública e na
dos direitos pode ser medida por sua participação na elaboração da Constituição
Federal de 1988 como deputado constituinte e por sua participação na elaboração
da lei 9394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB).
Em 1994, Fernandes enfrentava problemas de saúde relacionados ao seu
fígado. Em 1995, o sociólogo precisou ser internado por complicações do seu
quadro de saúde e passou por um transplante de fígado, aos 75 anos de idade,
que, infelizmente, terminou com o seu falecimento, no dia 10 de agosto de 1995.
A QUESTÃO RACIAL
Embora os primeiros trabalhos de Florestan Fernandes versem sobre
problemas específicos das aldeias Tupinambá, afinal eram voltados para os
estudos antropológicos, o grande marco de sua obra está em sua tese de livre
docência, publicada em forma de livro, A inserção do negro na sociedade de
classes. Apesar da mudança de recorte, Fernandes não deixou de ver o índio,
como um não branco, sendo excluído no cenário capitalista de sua época.
A escravidão no Brasil é a origem da exclusão dos negros em nossa sociedade.
A obra madura de Florestan Fernandes, como um todo, enxerga uma
intersecção entre classe social e cor, ou seja, enxerga que a população mais
pobre, marginalizada e excluída é, em geral, a população não branca.
O sociólogo foi bem preciso ao derrubar o que se chamou de mito da
democracia racial, ideia extraída da obra de outro sociólogo, Gilberto Freyre,
que via uma relação cordial entre senhores e escravos no Brasil Colonial e via
uma relação diferente entre negros e brancos brasileiros no século XX, em
relação a outros países, como os Estados Unidos. Fernandes, por sua vez,
enxergou que a população negra era a mais atingida pela desigualdade social e
que a raiz disso se encontrava no capitalismo.
DESIGUALDADE SOCIAL
A questão da desigualdade social é central na obra e na militância de
Florestan Fernandes. Inclusive, sua atuação como parlamentar foi voltada para a
redução da desigualdade social no Brasil.
O sociólogo viveu na periferia quando criança, morando em guetos de São
Paulo. Desde sua infância, quando trabalhava para ajudar a sua mãe, Fernandes
percebeu que os empregos e a renda das pessoas das periferias eram
drasticamente inferiores e que havia um tratamento diferente dado ao povo
desses lugares.
Será que o aluno que estuda em uma escola rural como essa tem as mesmas chances de enquadrar-se na sociedade como quem estuda em uma escola de elite?
Fernandes percebeu a quase imperiosa impossibilidade de haver uma
ascensão social das pessoas negras no sistema capitalista. Ele percebeu, em
sequência, que se o capitalismo promove justamente a desigualdade social, a
população negra no Brasil sempre estaria na margem da sociedade, se
considera-se a manutenção do sistema capitalista. Nesse sentido, é necessária
uma tomada de posição em relação ao capitalismo para que haja um sistema
realmente democrático de maior igualdade social.
DEMOCRACIA
Florestan Fernandes era um defensor convicto da democracia. Muitos
opositores no campo político tentavam desqualificar o sociólogo enquanto
democrata por sua posição política socialista. No entanto, ao analisar-se sua
vida e obra, percebe-se que o que ele defendia era a democracia como
reconhecimento dos direitos de todos os cidadãos.
Na visão de Fernandes, a democracia brasileira não era completa, pois não
chegava à periferia, às camadas mais pobres da população. Uma democracia
efetiva seria aquela que levasse a todos o direito à alimentação, à moradia e à
educação.
EDUCAÇÃO
A educação é a peça-chave para promover-se uma verdadeira democracia no
Brasil, que reduza as desigualdades sociais e permita uma relação mais
democrática para a nação como um todo. Defensor da educação, Fernandes lutou
enquanto político para promover um sistema que garantisse escolas laicas,
públicas, gratuitas e de qualidade para todos os jovens do Brasil.
🔖AVALIAÇÃO e FREQUÊNCIA🎒
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Prazo: até 14/04/2021 – Portfólio
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